Fundação lança obra sobre a potiguar Nísia Floresta

O pensamento feminino de quem aplicou ideias e convicções na busca do reconhecimento, por parte da sociedade, de que mulheres e homens teriam de desfrutar de direitos iguais, principalmente os direitos à dignidade humana e ao saber. Precursora do feminismo no Brasil – e educadora, escritora e poetisa – ,  a potiguar Nísia encontrou formas de defender o que vieram a ser os direitos constitucionais de cidadania e de representação. Um resumo do livro ‘Nísia Floresta: uma mulher à frente de seu tempo’? Igualdade, conhecimento, respeito e cidadania.

“Como mulher potiguar sempre estive atenta ao pioneirismo da escritora Nísia Floresta. Sua trajetória inspiradora me fez dedicar um tempo para revisitar sua obra e, sempre que pude, aproximar-me de estudiosas e estudiosos que discorreram sobre ela. Aos poucos fui me apropriando do legado dela e, antes de me assumir feminista, pude comprovar que o feito de Nísia Floresta era muito maior que tudo que eu vi ou ouvi falar. Quando fui convidada pelo presidente da FUG/RN, Gleire Belchior, para elaborar o projeto de reedição da obra mais lida e divulgada de Nísia, senti-me imensamente gratificada. Minhas palavras andantes tinham reverberado e concretamente nós traríamos Nísia Floresta para a atualidade”, destaca Udymar Pessoa, pesquisadora e mediadora da FUG/RN.

Obra está disponível para download no acervo digital da Fundação Ulysses Guimarães.

Obra está disponível para download no acervo digital da Fundação Ulysses Guimarães.

Com a organização da Fundação Ulysses Guimarães Rio Grande do Norte – e lançada durante a 9ª edição do Congresso Nacional -, a obra apresenta a bravura do sentimento de patriotismo e de brasilidade. Destaca os temas que Nísia havia escolhido como prioritários: a mulher, o negro, o índio e a república. O livro está disponível para download no acervo digital da FUG, no link: http://www.fundacaoulysses.org.br/acervo/

Confira alguns trechos da obra:

 “Autora foi uma honrosa exceção em meio à massa de mulheres submissas, analfabetas e anônimas, e por isso costuma ser lembrada como a precursora do feminismo no Brasil, e na América Latina, pois não existem registros de textos anteriores realizados com estas intenções. Nísia questiona, no livro, o porquê de não haver mulheres ocupando cargos de comando, tais como de general, almirante, ministro de estado e outras chefias. Ou ainda, por que não estão elas nas cátedras universitárias, exercendo a medicina, a magistratura ou a advocacia, uma vez que têm a mesma capacidade que os homens. Como se vê, ela vai fundo em suas intenções de acender o debate e de abalar as eternas verdades de nossas elites patriarcais.

 “Nísia é precursora ao mostrar que a mulher foi envolvida em uma rede: não lhe dão educação pois elas não desempenham tarefas em espaços públicos, e elas não as desempenham pois não são educadas. Daí o círculo que só será rompido pela educação.”

“Quanto mais ignorante é um povo tanto mais fácil é a um governo absoluto exercer sobre ele o seu poder. É partindo desses princípios, tão contrário à marcha progressista da civilização, que a maior parte dos homens se opõe a que se facilite à mulher os meios de cultivar o seu espírito.”  Opúsculo humanitário

“A esperança de que, nas gerações futuras do Brasil, ela [a mulher] assumirá a posição que lhe compete nos pode somente consolar de sua sorte presente.”
Opúsculo humanitário

Nísia Floresta surgiu — repita-se — como uma exceção escandalosa. Verdadeira machona entre as sinhazinhas dengosas do meado do século XIX. No meio de homens a dominarem sozinhos todas as atividades extra domésticas, as próprias baronesas e viscondessas mal sabendo escrever, as senhoras mais finas soletrando apenas livros devotos e novelas que eram quase história de Trancoso, causa pasmo ver uma figura como de Nísia. Gilberto Freyre

 

 

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