Projeto Diálogos: Estância Velha recebe 1ª edição de 2017

Mulheres de atitude. Esse foi o tema da primeira edição do projeto Diálogo – parceria entre o PMDB Mulher e a Fundação Ulysses Guimarães, que aconteceu em Estância Velha durante a manhã do último sábado,  11 de março. Prefeitas, além de vereadoras e líderes municipais de 13 cidades debateram o papel da mulher na política, o empoderamento feminino e cases de sucesso.

O exemplo de Nísia Floresta

Segundo a presidente do PMDB Mulher do Rio Grande do Sul, Regina Perondi, o evento fortalece a luta das mulheres. “Nós desejamos espaço para atuar na comunidade, para obtermos uma vida cheia de felicidade. Temos ainda um longo caminho a se percorrer para ter representatividade feminina na sociedade”. A presidente ainda recitou um trecho do livro “Nísia Floresta: uma mulher à frente do seu tempo”, de autoria da pesquisadora da FUG-RS, Udymar Pessoa. “Nísia Floresta surgiu — repita-se — como uma exceção escandalosa. Verdadeira machona entre as sinhazinhas dengosas do meado do século XIX. No meio de homens a dominarem sozinhos todas as atividades extra domésticas, as próprias baronesas e viscondessas mal sabendo escrever, as senhoras mais finas soletrando apenas livros devotos e novelas que eram quase história de Trancoso, causa pasmo ver uma figura como de Nísia.”

Segundo a presidente do PMDB Mulher do Rio Grande do Sul, Regina Perondi, o evento fortalece a luta das mulheres.

Segundo a presidente do PMDB Mulher do Rio Grande do Sul, Regina Perondi, o evento fortalece a luta das mulheres.

A prefeita anfitriã, Ivete Grade, explicou seu desejo de transformar Estância Velha através da gestão pública eficiente. “Essa semana, desengavetamos o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, arquivado desde 2001”. A ideia, segundo a prefeita, é trabalhar as questões voltadas para o desenvolvimento da mulher, através da gestão de renda, combate à violência doméstica, etc. Ivete é a primeira mulher a assumir o cargo de prefeita no município.

Mais de 100 mulheres dos municípios de Estancia Velha, Canoas, Novo Hamburgo, São Sebastião do Caí, Caxias do Sul, Portão, São Pedro da Serra, Porto Alegre, Farroupilha, Ivoti, Viamão, São Leopoldo e Sapiranga participaram dos debates dentro das questões femininas.

Construção partidária através do Núcleo do PMDB Mulher

Durante sua fala na abertura do evento, o presidente da FUG-RS, João Alberto Machado, destacou o reconhecimento da FUG em relação à presidente Regina Perondi. “Através do trabalho realizado pelo Núcleo, o PMDB Mulher constrói diariamente o partido”, afirma.

João Alberto ainda ressaltou o trabalho realizado pelo governador do Estado, José Ivo Sartori. “ Junto com o Secretário da Fazenda, Giovani Feltes, o governador tem trabalhado na reconstrução do Rio Grande do Sul. Afinal, é necessário que se reconstrua a condição fiscal para colocar o RS nos eixos.”

Durante sua fala na abertura do evento, o presidente da FUG-RS, João Alberto Machado, destacou o reconhecimento da FUG em relação à presidente Regina Perondi.

Durante sua fala na abertura do evento, o presidente da FUG-RS, João Alberto Machado, destacou o reconhecimento da FUG em relação à presidente Regina Perondi.

O presidente ainda relatou sua história como vereador, prefeito, e ainda quando criança, quando auxiliava a mãe nos deveres de casa. “Eu e meu irmão sempre ajudamos minha mãe, e isso não me fez menos homem. Pelo contrário, me fez valorizar ainda mais minha mãe, que é uma guerreira, e a todas as mulheres.” João defende a ideia de que o lugar da mulher é onde ela quiser. “Se ela quiser ficar em casa, trabalhar, ter uma profissão, estudar ou fazer alguma outra coisa, que seja. É ela quem deve decidir seu futuro”, afirma.

Histórico da participação feminina na política

Uma das palestrantes do encontro deste sábado foi a advogada Gabriela Schardosim. Além de traçar o histórico da participação feminina na política, Gabriela fez uma análise dos resultados das eleições de 2016. “O Brasil foi um dos precursores na América Latina no sufrágio feminino. Leolinda Figueiredo Daltro, depois de não ser ouvida pelo poder público, fundou o Partido Feminino do Brasil, em 1910”, apresenta. “O voto passou a ser uma mudança chave na busca pela igualdade de gênero.”

Gabriela ainda resgata a história da Fundação da Liga da Emancipação Intelectual da Mulher, em 1922. “A partir desse momento o movimento ganha notoriedade. Mas a emancipação feminina só ocorre em 1922, e desencadeia a eleição da primeira prefeita da América Latina, em 1928, no município de Lajes, no Rio Grande do Norte. O nome dela? Alzira Sariano de Souza.”

Apesar do eleitorado feminino ser maioria – 52% –, o número de candidatos a prefeito homens foi de 87,02% enquanto de candidatas mulheres o número chegou a apenas 12,98%. “Por mais que os homens representem um montante de quase 90%, quando há uma disputa páreo a páreo, a comparação da porcentagem de votos é a mesma”, aponta. Ou seja, proporcionalmente, tanto as mulheres quanto os homens alcançaram 30% de desempenho positivo.

Comparando com a média de candidatas no país, o PMDB-RS ultrapassa esse número, com 32% de candidatas a prefeitas. “Há um contraste com a realidade do Brasil em 2012. Segundo pesquisas, de 188 países avaliados, o Brasil ficou na posição 126 tratando-se do número de candidatas. Ainda temos muito no que evoluir”, aborda. “Somos o estado com maior número de vereadoras eleitas.”

Painel de vivências com prefeitas

Durante a programação, as três prefeitas presentes – Ivete Grade, de Estância Velha, Isabel Cornelius, São Pedro da Serra, e Tânia Terezinha, de Dois Irmãos – participaram e apresentaram o painel de vivências.

Além de relatar seu histórico político, a prefeita de Estância Velha, ressaltou a importância da união dentro do partido municipal. “Sem essa coletividade, não estaríamos aqui”.

Comparando com a média de candidatas no país, o PMDB-RS ultrapassa esse número, com 32% de candidatas a prefeitas.

Comparando com a média de candidatas no país, o PMDB-RS ultrapassa esse número, com 32% de candidatas a prefeitas.

Em seguida, a prefeita de São Pedro da Serra, Isabel Cornelius, falou sobre sua opinião em relação à política. “Nunca fui vereadora ou candidata anteriormente. Meu trabalho se baseava, principalmente, pela gestão de uma pequena empresa da cidade. Ao me aposentar, me desvencilhei da empresa e surgiu a oportunidade da candidatura à prefeitura”, afirma. O desejo de integrar a prefeitura veio através da insatisfação com a política atual. “Eu não concordo com muitas manias dentro da política atual, e a prova disso é a corrupção. Mas para algo mudar, alguém tem que começar, as pessoas boas precisam se envolver. Precisamos de gente que pensa diferente”, ressalta.

A prefeita Tânia Terezinha, de Dois Irmãos, contou sua trajetória dentro do município e da gestão municipal. “Fui eleita em uma negra no município de Dois Irmãos, onde a maioria da população é de origem germânica. Muitas pessoas se espantaram, mas eu não caí de uma árvore, sou concursada desde 1990 como técnica de enfermagem. Fui vereadora por três legislaturas e com muito orgulho”, conta. Tânia explica o papel do vereador. “É ouvir as pessoas, é sair, é andar. Em cada momento que a sorte chegou até mim, me encontrou trabalhando. Não esperei para as coisas caírem no meu colo. Precisei de atitude”, finaliza.

Ex-senador Simon: “Esse movimento é espetacular”

Para o ex-senador do Rio Grande do Sul, Pedro Simon, o movimento realizado neste sábado é espetacular. “A análise feita aqui pelas mulheres e para as mulheres demonstra que o núcleo está em um estágio superior, de se organizar e avançar”, afirma.

Simon ainda ressaltou a parceria com a FUG. “A Fundação Ulysses Guimarães tem o papel de complementar e aprofundar assuntos sérios, de avanço no país”, explica. “Queremos que as mulheres participem da renovação e da transformação do poder”, incentiva.

“Hoje as mulheres sentem a responsabilidade e fazem o que querem, buscando igualdade de condições. O PMDB Mulher está num momento excepcional, vivendo algo de concreto”.

Simon ainda traçou um histórico político, desde as Diretas Já até a Operação Lava Jato. “Estamos à véspera de uma modificação tremenda. Na história, se tem um partido que ajudou a escrever a história do Brasil, é o MDB. Durante a ditadura, quando não tínhamos esperança e muitos nos olhavam com deboche, fizemos um movimento diferente. Foi a luta mais espetacular que o Brasil teve (Diretas Já).

União feminina

A especialista em neuropsicopedagogia e presidente do PMDB de Estância Velha, Áurea Bauer, contou sua trajetória profissional e política. “Trabalhei como professora durante 28 anos no muncípio. E somente com a aposentadoria tive a liberdade de me posicionar politicamente. Hoje o respeito está crescendo e conseguimos fazer um trabalho em conjunto com os homens. Temos uma excelente coligação, com pessoas dispostas a mudar a realidade de Estância Velha.

A mulher agente transformadora da segurança pública

A vereadora de Porto Alegre e Tenente Coronel da Brigada Militar, Nádia Gerhard, fez uma fala sobre a violência feminina, as causas e suas consequências. “As mulheres só tem vencido porque permanecem unidas. Queremos homens ao nosso lado, mas homens que nos façam fortes e queiram nossa presença. Não precisamos de migalhas”, afirma.

Nádia falou sobre a culpa carregada pela Brigada Militar diante do caos da segurança pública. “Nós estamos crucificando aqueles que tentam nos proteger e não conseguem. É preciso buscar as autoridades nos municípios e questionar o que é preciso para mudar”, explica.

Segundo a comandante, mais de 3% do PIB do Brasil é gasto em decorrência de casos de violência doméstica.  “Se a mulher não tiver uma rede de atendimento dentro do município, vai permanecer nesse ciclo violento”. A sugestão de Nádia é capacitar essas mulheres com cursos, capacitação, trabalho e geração de renda. “Ser feminista não é moda. Sou feminista para não deixar mais mulheres morrerem”, finaliza.

 

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