Ulysses Guimarães x Ditadura

UlyssesO Movimento Democrático Brasileiro surgiu em 24 de março de 1966. Desde então, o MDB jamais faltou ao Brasil. Da oposição à ditadura militar até a luta pelo direito de votar para Presidente. Da Assembleia Constituinte até a estabilização da moeda. Do apoio aos programas sociais até a missão de recuperar o país da pior recessão de sua história.

O fato é que, em todo esse tempo, muitos avanços do país tiveram no MDB um porto seguro que garantia a sobrevivência da democracia, da liberdade de expressão e da estabilidade política. E é com essa força que continuamos construindo o Brasil desejado por todos: próspero, livre e moderno.

“Eu não quero morrer de raiva, nem de mágoa, nem de doença. Eu quero morrer na luta”, dizia Ulysses Guimarães, que foi o principal líder do partido oposicionista ao regime da Ditadura Militar. Na época o Partido Social Democrático (PSD), que foi extinto pelo Ato Institucional nº 02, que extinguiu o pluripartidarismo.

Dai, nasce o MDB com propósitos: de fazer oposição à ditadura e colaborar com a volta da Democracia. O mesmo ato que extinguiu o pluripartidarismo, também instituiu o bipartidarismo. E o MDB passou a incomodar quem detinha o poder. “Antes de ingressar no MDB recusei alguns convites para fazer parte da ARENA. Lembro-me de um fato pitoresco quando redigíamos os estatutos do MDB. Estávamos eu, o Tancredo Neves e o Oliveira Brito, (…), organizando o partido e começamos a pensar no nome. Estava quase decidido que seria Ação Democrática Brasileira. Mas, quando estávamos para batizar a criança, o Tancredo me disse: ‘Olha aqui, Ulysses, vamos dar nome de macho a esse partido. Essa UDN que aí está, com nome de mulher, já criou muita complicação nesse país. Então vamos arranjar um nome masculino, um nome de macho’. Aí nasceu o Movimento Democrático Brasileiro”, afirmou Ulysses Guimarães em entrevista ao jornalista Fernando Morais, da Status, em 1978.

A ditadura reprimia e o MDB seguia firme. A partir das eleições de 1974, o Movimento cresceu e foi determinante na Lei de Anistia, em 1979, e nas Diretas Já, em 1984.

Foi em 1974 que o MDB lançou a candidatura de Ulysses Guimarães contra o militar Ernesto Geisel. O MDB perdeu a batalha, mas saiu fortalecido para a guerra, por ter percorrido o país com os ideais democráticos. “A democracia é o regime das discordâncias, menos uma: discordar para perdê-la ou para não reconquistá-la”, dizia Ulysses.

Se houve derrota presidencial por um lado, teve vitória legislativa do outro: o aumento da base do MDB, que chegou a 165 deputados. O Movimento Democrático Brasileiro também elegeu a maioria dos deputados no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Aos resultados, os militares reagiram com o Pacote de Abril (1977): promoveram a ampliação do colégio eleitoral dos estados menores, onde havia predominância da ARENA (Norte, Nordeste e Centro-Oeste).

O MDB se tornava, cada vez mais, a voz daqueles que a ditadura teimava em calar. Tanto que, nas eleições de 1978, obteve 266 votos para sua chapa, composta pelo general Euler Bentes Monteiro e Paulo Brossard contra 355 da chapa composta por João Figueiredo.

A resposta da ditadura não demorou e veio com o presidente Figueiredo, que acabou com o bipartidarismo. O objetivo era dividir a oposição em partidos menores. E, de certa forma, conseguiu: surgiram, por exemplo, o PP, de Tancredo Neves, o PDT de Leonel Brizola e o PT de Lula. A ARENA da ditadura virou PDS e o MDB teve que acrescentar o P à sua sigla.

A Democracia se avizinhava e as Diretas Já ecoaram a vontade popular. Comícios embalavam o ressurgimento das manifestações públicas e fortaleciam a luta pelo retorno da Democracia.

“O povo sabe que Diretas Já não são solução para tudo, mas que, sem elas, não há solução para nada”. Consciente do seu papel na luta por esse direito, em 1983 e 1984, Ulysses liderou uma grande mobilização popular pelas eleições diretas para presidente, e ficou conhecido como o “Senhor Diretas”. “Vi a história brotar nas ruas e na garganta do povo; vi, pela onipotência do voto direto, a ressurreição da participação política e das pressões legítimas pelos preteridos e injustiçados.” No entanto, os brasileiros só puderam votar diretamente para a Presidência anos mais tarde, em 1989.

Em 1987, acumulou a Presidência da Câmara dos Deputados e a da Assembleia Nacional Constituinte, para elaboração da nova Constituição do Brasil. Nascia ali, a vontade democrática que sempre perpetuou pela trajetória de luta política do Dr. Ulysses.

Ulysses conduziu os trabalhos da Constituinte de forma brilhante. Entregou oUlysses 2.jpg novo texto em pouco mais de um ano, após análise de mais de 60 mil emendas que alteravam os artigos originais. No dia da promulgação, chamou a nova Carta Magna de “Documento da Liberdade”.

“Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério. Quando após tantos anos de lutas e sacrifícios promulgamos o Estatuto do Homem da Liberdade e da Democracia bradamos por imposição de sua honra. Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. Amaldiçoamos a tirania aonde quer que ela desgrace homens e nações”, disse Ulysses Guimarães em seu discurso de Promulgação da Carta Cidadã.

A Constituição hoje é a nossa carta da Democracia, da Liberdade e da Igualdade. #DitaduraNuncaMais #Liberdade #Democracia

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>