Café com Política: Dicotomia entre liberdade e igualdade é tema de debate no Rio de Janeiro
As concepções de liberdade e igualdade na sociedade foram tema de debate da última edição do Café com Política, evento promovido pela Fundação Ulysses Guimarães Rio de Janeiro. O encontro “Dicotomia entre liberdade e igualdade e o papel do Estado” teve como palestrante o cientista político José Niemeyer que debateu com os participantes as aplicações dos dois conceitos na realidade brasileira atual.
O debate se pautou pela análise das diferenças de significados entre uma sociedade livre e uma sociedade igualitária. Para José Niemeyer, esta é uma discussão fundamentalmente política e é preciso que haja um equilíbrio mútuo entre ambas as partes para o desenvolvimento de uma sociedade sadia. “Existe um controle contínuo na dicotomia entre liberdade e igualdade. A liberdade sem limites deve ser controlada pela necessidade de promover a igualdade”, explicou.
Segundo Niemeyer, o desejo de liberdade advém do indivíduo, enquanto a igualdade é uma aspiração de todo um grupo social. Por isso, ao refletir a sociedade coletivamente, é necessário combater as condições de desigualdade social: “Devemos procurar meios de diminuir a desigualdade num país como o Brasil. A busca pela igualdade aqui é uma questão prioritária, diferente de outras nações de primeiro mundo”. O cientista político comparou a situação política e econômica brasileira à da Suécia: “O caso da Suécia, por exemplo, é bem distinto do brasileiro. Lá, as questões ligadas a liberdades individuais são mais discutidas porque o país já atingiu um grau de igualdade social muito grande”.
Para Niemeyer, a democracia, por outro lado, é a garantia de que a igualdade será atingida de forma compatível com a defesa das liberdades: “A democracia não é um regime perfeito, mas ela é o que nos resta. Fora dela, há a imposição da força dos regimes tirânicos, que estabeleciam uma igualdade forçada por meio do Estado”. Ele também destacou que a maior causa da desigualdade social no Brasil é a exclusão de grande parcela da sociedade no setor produtivo. O cientista político ressalta a importância de democratizar a participação da população mais pobre na economia. “É preciso o maior acesso à propriedade e ao crédito. O povo não tem acesso aos fatores de produção”, afirmou.