PMDB, crise política e alternativas de futuro

Paulo Baía*

Estamos mergulhados numa crise política em que os valores morais e éticos vivenciam um momento grave de esgarçamento das instituições. Há uma falta de perspectiva discursiva e de projeto dos diferentes atores políticos, tendo como contraponto o fato das reivindicações da sociedade serem genéricas e universalizantes, mesmo quando falam em corrupção, comprometendo todas as instituições sociais com ênfase nas instituições políticas e no governo da hora. Ou seja, temos uma sociedade que se manifesta de maneira difusa e ampliada e uma representação política que não possui uma narrativa capaz de aglutinar e dar foco à insatisfação social generalizada. Fazendo com que as palavras de ordem traduzam um reducionismo simplista: Fora Dilma, Impeachment Já e Todo político é ladrão. Sem lastro com uma proposta contundente e focada que esclareça o que seria um governo pós-Dilma e o que se fazer para enfrentar a corrupção e a desinstitucionalização dos desejos populares.

Perante o grau de descrença profundo, um processo eleitoral tem sido a chave para o locus de discursos e tomadas de decisões que renovam as esperanças de que as instituições sociais e políticas funcionem com representatividade e plenitude ético e moral. Assim foi na Grécia e na Espanha.

Uma questão que se coloca é que a crise a crise de representação ocorre em função das novas formas de participação decorrente das sociabilidades de uma população altamente informatizada e em redes. Este processo é mundial na configuração de novas relações sócio-técnicas através do incremento do nível de participação da população pelos mecanismos não tradicionais como: ciberespaço e redes sociais, telefone celular, whatsapp etc. Estamos diante de modelos revolucionários como o aplicativo whatsapp, uma maneira mais rápida e mais presente de comunicação, gerando uma intimidade social que possui vários vetores e direções. O fato é que fortalece o nível de participação e percepção da sociedade pela população. As redes entrelaçam-se, criando comunidades cívicas virtuais e presenciais ampliadas e que se interrelacionam. E dessa forma atuam cobrando mais das instituições e de seus representantes. Os atores políticos em sua maioria possuem dificuldade de lidar com esta nova forma de manifestação, que se dá em tempo contínuo e não apenas em períodos eleitorais.

A crise política está aí e não se resolve com marketing, com a melhoria da comunicação. A nova base social assenta-se em relações sócio-técnicas de conhecimento e informação em tempo real, onde ocorre uma guerra de discursos, no qual os formadores de opinião são capilarizados. A tendência do monopólio dos discursos do século XIX e XX desapareceu pela atomização e universalização de uma sociedade altamente conectada e informada além de participante. A noção de participação mudou. Estamos diante de um novo desafio, a sociedade contemporânea vai produzindo narrativas que se tornam maioria. A crise política pode virar crise institucional pelo fato da população não se ver contemplada em seus desejos. Existe um abismo criado pela modernidade contemporânea e apenas o PMDB está conseguindo fazer a ponte neste abismo, pois está sintonizado com a ideia de mudança de maneira mais eficaz e prática, em simbiose com as maiorias populacionais.

O partido está presente no cotidiano das pessoas, nas reuniões, nas esquinas e nos grupos comunitários sejam eles quais forem. Sempre que viramos para qualquer canto das cidades nos deparamos com o PMDB, com o intuito claro de satisfazer as necessidades e vontades da população na sua rotina cotidiana. A capilaridade do PMDB é presencial no dia-a-dia, quase sempre há alguém do partido para resolver os problemas da população concretamente. Se há um problema de vazamento de esgoto em determinada rua, os moradores querem o conserto de forma a melhorar a vida coletiva. Prontamente surge um agente partidário do PMDB que intermédia a solução do problema em questão. Quando constitui-se a relação clientelística assimétrica. Os dois lados saem satisfeitos com a troca política. À esta presença, que os analistas políticos chamam pejorativamente de clientelismo, na verdade é uma prática de troca política, a partir de uma racionalidade cidadã em que bens e valores assimétricos são intercambiados. Quem votou em algum representante do partido fica satisfeito, pois se reconhece no eleito. O PMDB possui um projeto político e pessoal ligado ao bem comum individualizado.

O PMDB leva às ultimas consequências a ideia de ser uma federação. Ou seja, as autonomias locais são respeitadas, estimuladas num trabalho de engenharia política e funcionalidade em que reúne os interesses mínimos comuns num comando nacional. Dessa forma, o partido vem se preparando para redesenhar seus modelos de atuação e redefinir suas narrativas tendo como foco imediato as eleições municipais de 2016. E de médio prazo e de maneira estratégica as eleições de 2018 com candidatura própria à Presidência da República e configuração de candidaturas a deputados e senadores para assegurar maioria na Câmara e no Senado, aumentando o número de governadores eleitos. Assim a federação PMDB vem alimentando de maneira vigorosa seus debates internos.

*Sociólogo, Cientista Político e Coordenador do novo curso da Fundação “Eleições Municipais: Saber para Vencer“. 

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>