O corpo é realmente seu?

Um corpo que não é seu. Um ato de violência que causou repúdio nas redes sociais. Assim foi vista a cesariana forçada realizada na dona de casa Adelir Carmen Lemos de Goes, 29 anos, que é mãe de um menino de sete anos e de uma menina de dois. O público feminino se questionou: até onde vai o direito de escolher entre uma cesárea e um parto normal? O fato resultou na campanha ‪#‎nãomereçoserobrigadaafazercesárea.

Processo fisiológico normal x procedimento hospitalar: quem decide? De quem é a autonomia? Esse caso pode ser considerado violência obstétrica?

Adelir foi obrigada a realizar uma cesariana. Foto: Erika Carolina/FolhaPress

Adelir foi obrigada a realizar uma cesariana. Foto: Erika Carolina/FolhaPress

#ViolenciaObstetrica

É a imposição de intervenções danosas à integridade física e psicológica das mulheres nas instituições e por profissionais em que são atendidas, bem como o desrespeito a sua autonomia. Pesquisa da Faculdade de Medicina da USP revela que uma em cada quatro mulheres sofre esse tipo de violência.

#EntendendoAHistoria

A gestante havia dado entrada no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres/RS,na tarde de segunda, 31.03, com dores lombares e na região do ventre. Segundo comunicado da instituição, a paciente fez exames que apontaram que o feto estava em apresentação podálica (os pés apontados para o canal vaginal). Conforme especialistas, em casos como este, o parto normal é contraindicado por aumentar muito o risco de ruptura uterina, o que pode acarretar a morte de mãe e filho.

Descontente com a indicação para realizar uma cesárea, Adelir assinou um termo de responsabilidade e voltou para casa, contrariando orientações médicas. Lá, acompanhada da doula (que acompanha e dá suporte a grávidas) Stephany Hendz, continuou se preparando para o parto normal.

Conforme Adelir em entrevista ao site de notícia G1, a decisão precipitada. “Vieram duas viaturas da Brigada Militar e uma ambulância nos buscar em casa. Ficamos nervosos. Por pouco não fui algemada”, falou, alegando agressão verbal por parte da polícia.

Para a doula, não havia motivo para preocupação: “a pressão estava boa (130×80), os batimentos bons, foi feito uma ecografia onde viram que tanto placenta quanto líquido estavam normal. A gente não tinha equipe para realizar um parto domiciliar, mas a gestante tinha o desejo de que fosse parto natural em uma instituição hospitalar. Um parto induzido assim se torna perigoso, porque força o útero da mulher. E uma terceira cesárea é muito arriscada, afirmou.

#OrdemJudicial

Após a saída de Adelir, o hospital entrou em contato com o Ministério Público para informar sobre o caso. A juíza Liniane Maria Mog da Silva, então, determinou que fosse feita a “condução coercitiva da mulher ao hospital para atendimento, inclusive com a realização do parto por cesariana, se necessário na avaliação dos profissionais”.

Conduzida por um oficial de justiça, a paciente deu entrada novamente no hospital às 2h40 de terça-feira (1). Às 3h10, uma menina nasceu em uma cesariana de emergência. Mãe e filha passam bem.

#HumanizaBelem

Em Belém, no Pará, um grupo de mulheres criou o grupo que incentiva a humanização do parto. Na página do Facebook Humaniza Belém chamaram de “ ato de ditadura” a cesariana realizada em Adelir.

Grupo apoia parto humanizado.

Grupo apoia parto humanizado.

Fontes: Revista Época e site G1 

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