Uma mãe que não voltou mais pra casa
Ela era mãe de oito filhos. Quatro eram biológicos. Os outros quatro adotivos. Saiu para comprar pão para o café da manhã no domingo, 16, no Morro da Congonha, em Madureira, no Subúrbio do Rio de Janeiro. Cláudia Silva Ferreira, 38 anos, não voltou pra casa naquele dia. E nunca mais voltará. Conforme laudo do Instituto Médico-Legal (IML), ela foi morta por um disparo de arma de fogo. Mas isso não foi “tudo”. Cláudia foi arrastada por 350 metros. Como? Isso mesmo. Após ser baleada, ela foi colocada por Policiais Militares no porta-malas para ser levada para o Hospital Carlos Chagas, onde chegou sem vida, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. No meio do caminho, no entanto, o porta-malas abriu, ela caiu, ficou presa por um pedaço de roupa, sendo arrastada pelo asfalto. Por conta disso, ela teve parte do corpo dilacerado.
Cláudia não era criminosa. Não tinha envolvimento com o tráfico. Mas por que ela foi morta? Por que a carne mais barata do mercado é a carne negra? O trecho acima da música “A carne”, interpretada por Elza Soares, assemelha-se à realidade de Cláudia.
“Foi só virar a esquina e ela deu de frente com eles. Os policiais deram dois tiros nela, um no peito, que atravessou, e o outro, não sei se foi na cabeça ou no pescoço, que falaram. E caiu no chão. Aí os policiais que se assustaram com o copo de café que estava na mão dela. Eles estavam achando que ela era bandida, que ela estava dando café para os bandidos. Ela morreu com um copo de café amarelo na mão”, disse a filha de Cláudia, Thaís Ferreira, em entrevista ao site G1.
No atestado de óbito conta que ela foi morta por “laceração cardíaca e pulmonar de ferimento transfixante do tórax por ação perfurocortante”, ou seja, em razão do tiro. Segundo informações, a tranca do porta-malas não tinha defeito, o que pode agravar a punição dos três policiais que participaram do “socorro”.
Os três policiais que estão envolvidos no caso não estão mais presos. Foram libertados do presídio de Bangu 8. Enquanto isso, a família da vítima pede justiça.
Uma homenagem em meio à dor da família
A convite do site Olga, que propõe discussões sobre a feminilidade, artistas criaram imagens nas quais Cláudia foi retratada de forma sensível. De acordo com o site, o projeto se dispõe a resgatar a dignidade da vítima.
Batizado de 100 Vezes Cláudia, ele é aberto para que qualquer um possa encaminhar suas homenagens. Até o momento, o site já recebeu mais de 100 imagens e algumas delas devem ser encaminhadas à família da vítima. Quem quiser ajudar o projeto, pode escrever para olga@thinkolga.com
Fontes: G1 e Olga